23 março, 2011

Sociedade Urbana Brasileira, urbanizada: verdadeiro ou falso?

No dia mundial da água, devemos nos questionar sobre as condições de nossa sociedade urbana e suas condições de urbanização.

Estamos muito longe para falar de uma sociedade urbana brasileira urbanizada. Esta é a nossa realidade hoje, 2011. Pautam cada vez mais que estamos vivendo numa sociedade de rede, mas como isso ocorre se ainda estamos numa sociedade nada urbanizada se verificarmos os dados do IGBE, de 2010, com relação as questão de saneamento básico?

Na média, somente 62,6% dos domicílios urbanos brasileiros têm acesso a rede de água, esgoto e a coleta de lixo. Focando as regiões brasileiras, a desigualdade é grande assim como entre as classes sociais. Quanto menor o rendimento familiar, mais precário é a situação em termos de acesso a saneamento básico. Na região Sudeste, os domicílios apresentam a melhor situação do país: o índice nesta região é de 85,1%, bem acima da média geral. Em oposição, temos a região Norte, onde apenas 13,7% do total dos domicílios tem acesso aos serviços simultâneos de saneamento – baixando para 10% nos domicílios mais pobres. As regiões Sul e Centro-Oeste e Nordeste apresentaram índices de 62%, de 40,7% e de 37%, respectivamente, de acesso simultâneo aos três serviços de saneamento.

Como reverter essa situação, em especial à prestação de serviços essenciais aos setores mais vulneráveis da sociedade? Somente enfrentando esta situação poderemos nos situar em qual sociedade urbana vivemos.

                           por Tomás Moreira

22 março, 2011

“Futuros imaginários”: ano novo Facebook

Curitiba comemora ano novo depois do Carnaval. É onda? É imaginação? Não, é facebook. Um aglomerado de pessoas fez parte de uma das maiores mobilizações espontâneas, já vista na cidade de Curitiba.

The Facebook Effect, segundo o jornalista norte-americano David Kirkpatrick, conseguiu algo histórico na cidade, ao reunir aproximadamente 9 mil pessoas para comemorar, na Praça da Espanha, o reveillon fora de época. O evento foi um sucesso, inédito no tocante de mobilização pela internet, nesta sexta-feira, dia 18 de março.

Presenciamos: facebook deu aos usuários controle suficiente sobre suas informações. Seus impactos são imprevisíveis, ninguém controla sua dimensão, mas todos sabem a força e a capacidade de comunicação e mobilização.

Estamos vivendo um processo da “sociedade urbana” em que todo mundo produz muito mais informações coletivas e sobre si mesmos, onde a maioria das pessoas não se sente mais desconfortável em compartilhar parte dessas informações.

Sim! Nós estamos compartilhando muito mais informações e construindo novas formas e contextos de relações sociais, que interferem nas estruturas da nossa sociedade urbana.

A funcionalidade da comunicação em rede marcou seu fato na cidade, esperem pelas próximas investidas!!!!

                               por Tomás Moreira

16 março, 2011

Audiência pública do metrô de Curitiba deixa a desejar


A implementação do metrô de Curitiba é de interesse de todos. A proposta de construção não é de hoje, o tema já esta no ar há mais de um ano. Grande parte das discussões esta baseada numa visão dualista: favor ou contra o metrô em Curitiba. Entretanto, a discussão tem que ser mais aprofundada.


Sua implementação ocorrerá exatamente na linha, já existente, do biarticulado norte-sul, Santa Candida - Capão Raso. É certo que o sistema atual já está saturado e não comporta mais a demanda atual por transporte público. Contudo algumas questões necessitam ser pautadas: sua implementação tem que ser sobre a linha existente do biarticulado, eixo estruturante da malha de transporte público da cidade? O metrô não poderia ser um modal complementar a linha do biarticulado existente, ampliando a capacidade de demanda e diversificando os meios de transporte? Nunca foi apresentada uma alternativa diferente de implementação do metrô, no que diz respeito à localização e tipologia da construção, ou pelo menos uma amostra das vantagens desta linha sobre outras localidades.


A expectativa da construção do metrô é grande e as discussões em torno do tema têm se intensificado. Segundo o governo, a construção do metrô deverá começar dentro de um ano e sua previsão de conclusão é de quatro anos, desde que financiada pelo PAC da Mobilidade.


Uma questão preliminar para se avaliar a viabilidade deste projeto de implementação do metrô é: onde está a maior demanda não atendida pelo transporte público? O investimento em transporte público é prioritário nos eixos onde ele já é existente, ou em outras áreas? A única opção é de metrô subterrâneo ou poderia ser com modelos unicamente de superfície? Antes de se detalhar impactos de um projeto específico, deveria ser justificado o porquê deste projeto, com esta tipologia e nesta localização.


A base de um Estudo de Impacto Ambiental é fornecer estudos de tipologias e localizações diferenciadas para se avaliar o que terá maior viabilidade ambiental, sócio-urbanística e econômica e não defender uma única proposta com tipologia e localização já pré-determinadas.


Mesmo se a melhor alternativa quanto à tipologia e localização for a apresentada na audiência pública, era fundamental mostrar os impactos urbanísticos de maior destaque e que não foram abordados, como: valorização imobiliária do entorno imediato, impacto nos usos lindeiros e sua manutenção ou alteração; vulnerabilidade associada aos processos de ocupação e fixação territorial, bem como as medidas mitigadoras ou compensatórias sobre os impactos urbanísticos.


Esperamos que a audiência de ontem tenha sido um dos fóruns de discussão pública e não apenas uma peça formal de validação de um projeto tão importante para os curitibanos. A questão não é ser a favor ou contra o metrô, mas sim: que metrô, em que local e para quem?

                             por Tomás Moreira e Gisela Leonelli